MATÉRIAS

Dietas líquida

Dr. André Luiz Maynart®, Endocrinologia, Brasil

29 Novembro 2018

São uma boa estratégia para emagrecimento?

Como médico e adepto de um estilo de vida saudável, vou sempre defender que o ideal é viver em dieta e não iniciar um projeto com data para acabar, cheio de radicalismo e difícil de ser mantido durante o ano todo.

Ok, talvez a ideia de “viver em dieta” não seja assim muito atraente. Mas, acredite ou não, é muito mais fácil educar seus hábitos do que mudar radicalmente e esperar resultados imediatos.

Falando em imediatismo, a moda dos shakes que substituem refeições sólidas provavelmente surgiu dessa necessidade de perder peso rápido. Mas a dúvida que não quer calar é: “será que esta é uma boa estratégia para emagrecer?”.

Bom, vamos começar pelo básico. Em geral, uma dieta líquida costuma ter poucas calorias (500-100kcal/dia). Então, neste raciocínio, se um indivíduo que consome mais de 2.000 calorias por dia restringir seu consumo diário pela metade, é evidente que ocorrerá uma perda expressiva de peso. Nesse cenário, vejo duas variáveis importantes: a primeira é que dificilmente uma pessoa se adaptará a essa baixa ingestão calórica, sendo muito grande a chance de não saciar a fome e descontar no primeiro “junk food” que encontrar pela frente.

Além disso, como já falei em alguns posts, balança comum não mede composição corporal, de modo que esse peso perdido pode facilmente ser de músculo e não exclusivamente de gordura. Em outras palavras, a balança pode mostrar uma coisa e o espelho, outra.

Sabendo que o nosso metabolismo sofre alterações de acordo com o que comemos e fazemos, quando diminuímos drasticamente o consumo de alimentos, a tendência é que ele trabalhe mais “devagar”, já que pela quantidade ingerida, ele não precisa trabalhar no mesmo ritmo. Passados os dias ou meses de dieta líquida, normalmente as pessoas voltam às suas refeições sólidas – mais calóricas – e agora com o metabolismo mais lento. Bom, aqui o resultado da equação está bem claro: metabolismo prejudicado + aumento de calorias por dia = ganho de mais gordura.

Vejam bem: isso não significa que jamais uma refeição possa ser substituída por um alimento líquido. Acredito que com planejamento e acompanhamento de um especialista, uma pessoa que passa o dia todo fora de casa e tem pouco tempo para se alimentar pode se beneficiar de um shake proteico, por exemplo. Nesse caso, a lógica é simples: é melhor fazer uma refeição líquida do que não fazer nenhuma.

Para finalizar, em matéria de mudança de saúde e de corpo você tem dois caminhos: ir pela longa, porém duradoura estrada da mudança de hábitos de vida ou pegar um atalho em estratégias extremistas, que no início dão a ilusão de te levar mais longe, mas na realidade não te levam a lugar nenhum.

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